segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Chronos

Era noite de luau, estavam na praia, bebendo, conversando e cantando entre amigos, até que uma música lhe chamou a atenção:

“Hoje o tempo voa, amor
Escorre pelas mãos
Mesmo sem se sentir
E não há tempo que volte, amor
Vamos viver tudo o que há para viver!”

A cada vez que ouvia esse trecho repetia os mesmos gestos: levava a mão em direção à areia, enchia-a, mas não se preocupava em fechá-la de todo. Deixando assim que a areia escorresse entre seus dedos.
Já estava em estado de embriaguez, de modo que resolveu explicar o porquê de agir de tal modo – mesmo que ninguém houvesse perguntado.
“A areia escorrendo pelos dedos é a metáfora perfeita para a representação da passagem do tempo para o homem. A ampulheta, um recipiente de vidro por onde a areia –justo a areia!– escorria, movida apenas pela força da gravidade, da parte de cima para a de baixo, foi um de seus primeiros instrumentos de medição do tempo. Esse movimento, como qualquer outro, demanda determinada quantidade de tempo para ocorrer, conhecido o tempo necessário pra a transferência da areia esse instrumento poderia ser usado para medi-lo. Acredito que essa primeira relação entre homem e tempo perdure de algum modo até hoje, além do mais, essa é uma forma de sentir, literalmente Sentir a passagem do tempo. Ele, representado pela areia, escorre por nossas mãos, se a fecharmos o que nos resta? Talvez possamos reter alguns grãos, mas e toda a areia que passou entre nossos dedos, toda a areia que não podemos reter?

4 comentários:

Dominique disse...

esse me impressionou...realmente naum achei que iria terminar assim...muitolegal...lindo!isso só meu deu uma sensação muito ruim muito ruim mesmo...

Ulynhazinha disse...

FATAÇO! rsrs... A areia foi um ótimo exemplo, nunca tinha visto a ampulheta desta forma, com esse sentido todo! Gosteeei muito ;D

Pabluns disse...

Muito Legal ler os comentários da suas fãs...hahahaha.. ;)

Unknown disse...

Muito intereçante essa história!!!! adorei