sexta-feira, 9 de abril de 2010

O segredo


Havia acabado de sair de um relacionamento e, embora não quisesse admitir, sofria por isso. Não entedia porque as pessoas precisavam mentir. Parece que elas acreditam que precisam mentir para manter um relacionamento, quando na verdade é sempre ela que causa o fim.


Pensava isso na sala de aula, rodeada de outras pessoas que sabia não conhecer. Mas não as culpava, sabia ser também uma estranha para eles – todas usamos máscaras sociais.


Queria saber se realmente já havia tido intimidade com alguém ou se foi só ilusão, máscara, proteção e mentira. De ambos os lados. Podia ver tudo isso em relacionamentos alheios, e eram raros os que podia enxergar uma transparência mútua, mas o seu próprio era mais difícil, estava próxima demais para enxergar, como quando colamos o rosto na parede e nada podemos ver além de um borrão, porém à medida em que damos passos para trás, nos afastando, percebemos suas cores, desenhos e detalhes.


Perguntava-se se já havia amado realmente ou se foi apenas ilusão. Pro inferno! Claro que amara! Mesmo que tivesse amado uma mentira, uma armadura, amou!


E como era difícil encontrar alguém para amar! Não uma paixonite passageira – mais um pleonasmo desses e me enforco, pesou. Lembrou das poucas pessoas que amou, de como se conheceram, o tempo que passaram juntos e como esse sentimento se desenvolveu.


Como se desenvolveu? Exatamente! Nenhum deles foi “amor à primeira vista” – essas eram as paixonites. Percebeu que acabara de descobrir um grande segredo nunca guardado: descobriu que o segredo de se encontrar alguém para amar é primeiro encontrar alguém para gostar.